Entenda por que cirurgia para extrair unhas de gatos é proibida no Brasil
É quase impossível ter um gato em casa sem que alguns móveis sejam arranhados por eles. É quase a mesma coisa de ter um bebê, mas imaginar que sua decoração vai continuar impecável.
Gatos e crianças são seres inocentes e curiosos, que desejam explorar o mundo. Geralmente, começando pelo sofá.
“O felinos afiam as unhas por um fator social e de comunicação. É para marcar território e liberar os feromônios”, explica Pedro Horta, veterinário especialista em felinos do hospital 4Cats.
Feromônios são substâncias químicas produzidas pelo próprio corpo do bichano e que estão relacionadas com a sensação de bem-estar e com a identidade do animal.
Mas alguns tutores não aceitam esse hábito felino e optam por uma decisão radical: a onicectomia, uma cirurgia que remove as garras dos felinos.
A prática é comum nos Estados Unidos, onde é conhecida como “declawing”. Em julho deste ano, Nova York se tornou o primeiro estado norte-americano a proibir o procedimento por considerá-lo cruel e desnecessário.
“É uma cirurgia mutiladora que não traz nenhum benefício para o animal”, afirma Pedro.
A intervenção cirúrgica, conta o veterinário, não apenas extrai as garras. Ela amputa a última falange das patas, que é aquele último ossinho que tanto gatos como humanos temos nas mãos, onde ficam as unhas.
Após a cirurgia, os gatos podem desenvolver dor crônica, além de se sentirem desprotegidos, ansiosos e assustados.
Leonardo Burlini, veterinário e assessor técnico do CRMV-SP (Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo), conta que a onicectomia é proibida em todo o Brasil desde 19 de março de 2008.
“A Resolução CFMV nº 877/2008 proíbe as cirurgias consideradas desnecessárias ou que possam impedir a capacidade de expressão do comportamento natural da espécie, sendo permitidas apenas as cirurgias que atendam as indicações clínicas”, diz Leonardo.
Além da onicectomia em felinos, também são proibidas a caudectomia (mutilação da cauda de cães), conchectomia (mutilação das orelhas) e cordectomia (corte das cordas vocais), cirurgias com objetivos estéticos e de padronizar as raças dos animais.
Leonardo revela que o veterinário que pratica esses procedimentos pode receber penalidades que vão desde advertências à cassação do exercício profissional, “ad referendum” do CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária).
Para os tutores que se incomodam muito com os móveis arranhados, Pedro indica comprar arranhadores próprios para gatos e posicioná-los em locais estratégicos da casa, como ao lado dos sofás e camas.
“Além de lugares socialmente importantes dentro de casa, como o sofá, os gatos gostam de arranhar objetos perto de passagens e janelas”, revela.
Móveis firmes e altos também são os preferidos dos felinos.