No Dia Mundial do Gato, humanos contam por que os felinos são seus melhores amigos

Para comemorar o Dia Mundial do Gato, celebrado nesta segunda (17), dezenas de leitores enviaram depoimentos contando por que os felinos, assim como os cães, são os melhores amigos do homem.

Leia abaixo os textos selecionados pela Redação. Veja também as fotos dessas bolinhas de pelos, ronronentas e amorosas.

O objetivo era escolher os dez melhores textos enviados pelos leitores, mas dobramos a meta e decidimos publicar 20! 🙂

O Dia Mundial do Gato é comemorado em 17 de fevereiro principalmente em países europeus. Outras datas também celebram a existência desse animal incrível ao longo do ano: o Dia de Abraçar Seu Gato, em 4 de junho; o Dia Internacional do Gato, em 8 de agosto; o Dia Nacional do Gato (nos EUA), em 29 de outubro; o Dia Nacional do Gato Preto (nos EUA), em 17 de novembro.

Apesar de o Brasil não ter um dia do gato oficial, o brasileiro também é um amante de gatos. De acordo com uma pesquisa divulgada em 2015 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população de gatos em domicílios brasileiros foi estimada em 22,1 milhões, o que representa o equivalente a quase 1,9 gato por residência no país. Os bichanos ainda perdem para os cães –são 52 milhões deles no Brasil, segundo o IBGE–, mas ninguém duvida que os gatos chegarão lá.

Na saúde e na doença

Verônica Fontana e seus gatos Obama, Heitor, Safira e Sophia

São tantos bons momentos que nem sei por qual começar. Mas vou contar sobre uma vez que sai de casa para um retornar ao médico pois não estava bem.

Sou epiléptica e faco tratamento há um pouco mais de seis anos. Por causa das medicações, alguns sintomas de doenças são ocultados.

Estava em casa já tinha uma semana, com fortes dores de cabeça, e por onde eu fosse dentro de casa, os meus gatos iam junto. Se eu ficasse deitada no quarto ou na sala, sempre estavam ali comigo.

Até que, numa sexta-feira, por não aguentar mais de dor e o remédio não fazer efeito, fui a outro médico que suspeitou que eu estivesse com uma forte anemia. Mas como as plaquetas estavam normais, ele me passou outra medicação para dor e pediu para que eu voltasse na segunda-feira, com um novo hemograma.

Passei o fim de semana mais tranquila, só na segunda que voltei a sentir fortes dores de cabeça. Durante todos esses dias, os gatos iam revezando os lados da cama. Até para ir ao banheiro, tinha que ser de porta aberta, pois um entrava comigo e algum outro sempre ficava de prontidão na porta.

Na segunda, ao retornar ao médico, tive a notícia que meu corpo não estava reagindo, e que minhas plaquetas, que estavam 210 mil na sexta, tinham caído para 33 mil na segunda.

Fui encaminhada diretamente para um hospital, no qual fiquei internada em observação por cinco dias. Durante esse período, não podia receber visitas. Então só minha mãe ficou no hospital comigo.

Meu pai voltou para casa e relatou que todos os dias ele acordava com um dos meus gatos miando na porta do meu quarto, depois no banheiro ou na porta de casa, como se estivessem me procurando pela casa.

O dia que retornei para casa, foi a melhor recepção, todos ali me esperando e me fazendo companhia.

Resgatei meus gatos quando eles tinham uns 40 dias de vida, hoje eles já vão completar cinco anos. E eu posso garantir que amor igual ao deles nunca vai existir.

Companheiro há 15 anos, da família e das gatas

Karina Setani e Kyo

Nosso Kyo tem quase 15 anos e é um membro central de nossa família. Ainda lembro do dia que o adotamos, em 14 de maio de 2005, com aproximadamente 3 meses de vida.

“Lelinho” era o nome que constava em sua ficha. Descrito como um “gatinho sofrido e assustado”, pois mesmo filhote conheceu a maldade do ser humano. Contaram que ele e seus irmãos nasceram em cima de um estabelecimento comercial, porém, para espantá-los do local, o proprietário jogava água quente e objetos neles e em sua mãe. Até hoje não sabemos se a pequena falha de pelo que ele tem acima do olho é sequela de uma dessas tentativas.

Na época, queríamos adotar um segundo gato para fazer companhia a nossa outra gata, já falecida. Desde o primeiro momento em que o vimos, já sabíamos que ele seria o novo integrante da nossa família. Carinhoso, companheiro e paciente. Nosso Kyo é um gato excepcional (eu sei que todos os donos de gatos falarão isso dos seus próprios animais, mas é a mais pura verdade).

Nesses últimos 15 anos, ele já teve três companheiras, sempre sendo o melhor amigo possível de todas, contudo acredito que a nossa primeira gata tenha sido o verdadeiro amor dele. Mia era o nome dela. Renal crônica por rim policísticos, a Mia passou por todos os estágios de uma doença progressiva e sem cura.

Inseparáveis, Kyo sempre ficava miando na porta quando levávamos ela para o veterinário (o que acontecia semanalmente) e só parava quando a trazíamos de volta. Ele foi o doador de sangue quando ela estava grave. No meu colo mesmo, sem nem ter que segurar. Lembro até hoje do espanto dos veterinários ao verem um gato tão grande (ele pesava 8 kg) e tão dócil. Era quase como se ele entendesse toda a situação.

Um dos dias mais impressionantes para nossa família foi um tempo após a morte da Mia, quando, por acidente, uma foto dela apareceu na televisão de casa (como protetor de tela). Kyo correu para o hack, sentou em frente à TV e tentou tocar a imagem com sua patinha. Choramos. E assim nosso gordinho foi recebendo as suas companheiras, uma por uma, cada uma nos deixando por um motivo diferente e ele, sempre recebendo todas com muito carinho.

No ano passado, no entanto, tivemos uma das mais terríveis experiências quando quase o perdermos. Foram três dias de UTI mais três dias de internação, uma laparotomia (cirurgia abdominal) e um AVC hemorrágico. Não consigo relembrar desses dias sem os olhos lacrimejarem. Veja bem, ele já é um idoso diabético e, portanto, com as chances de recuperação totalmente contra nós.

No dia em que recebi a ligação informando sobre o AVC, fomos ao hospital nos despedir, mas eu não consegui. Ele estava inconsciente e respirando com auxílio de aparelhos, então fiquei ao seu lado apenas pedindo para que ele me desse qualquer sinal do que fosse melhor.

Naquela madrugada, ele recobrou a consciência. De manhã, estava respirando espontaneamente. Não consigo nem descrever o alivio e felicidade que tivemos. Foram muitas visitas, muitas conversas com os veterinários, mas, principalmente, muito amor envolvido.

Incrivelmente, ele se recuperou e retornou para nossa casa, sem sequelas. Essa foto, minha e dele, foi tirada no primeiro dia em que retornamos com ele para casa. Como eu disse, é muito amor envolvido.

Ele acaba com qualquer planejamento de estar triste

Tássia Camilla Santos Nunes e Nescau

Mais certo que uma profecia, antes de morrer, minha avó sempre falava que o próximo animalzinho que ela teria seria um gatinho que fosse todo preto, sem uma mancha sequer.

Alguns anos depois, Nescau surgiu no meu trabalho e escolheu meu colo. Parecia que ele tinha vindo preparado para nos guiar na nova fase que passaríamos morando em outro estado.

A mudança e a distância da família foi um desafio enorme e, desde então, Nescau tem sido quem passa a patinha nas minhas lágrimas quando choro, que se entrelaça nas pernas do pai até ser colocado no colo, que faz escândalo para os avós adiantarem o horário da comida, que é o sobrinho-gato-gente do meu irmão, que tem festa de aniversário todos os anos, que dorme na dobra do meu joelho, que coloca a barriga pra cima pra pedir carinho, que dorme abraçado com o pai, que nos acorda dando lambida no nariz, que resmunga quando leva bronca, que acaba com qualquer planejamento de estar triste, que faz nossos dias valerem a pena, a quem dedicamos nosso amor de forma incondicional.

Ele nos escolheu como cuidadores

Silvio de Jesus Oliveira Costa e Ringo

Ainda lembro do dia em que ele chegou, em 12 de junho de 2018. Era de manhã bem cedo, e eu e minha companheira abrimos a porta da frente da casa e demos de cara com ele.

Meio molhado de orvalho e com uma expressão doída, de quem, apesar do pouco tempo de vida, já tinha enfrentado muitos desafios. Ainda não sabíamos, mas ele era o Ringo (nome dado em homenagem ao beatle de olhos azuis, como o astro dessa história).

Ringo tem alguns problemas de saúde e exige cuidados constantes. Ele não enxerga muito bem e tem o olfato um pouco prejudicado. Ele tem epilepsia idiopática (isto é, sem causa aparente), o que requer atenção constante, especialmente durante as crises convulsivas, para evitar que ele se machuque.

De resto, é um gato especial, que faz companhia e (de vez em quando) gosta de carinho e de colo. É companheiro, curioso e muito temperamental. Ele nos escolheu como cuidadores e, graças a esse vínculo de amor, não há na nossa vida um só dia sem alegrias, pelos espalhados por todo lado, miados, ronronados e um sentimento de completude que não se explica.

Companheiro de filho para mãe

Claudete Moreno Ghiraldelo e Pretinho

É forte a crença de que o cão é o melhor amigo do homem, ao contrário do gato, que se apegaria à casa, não ao dono.

Pretinho, que fez agora 4 anos, era o gato do meu filho, que ao se mudar para outro país, há uns dois anos, ficou para mim! Eu diria que ele é mais que um amigo, é um companheiro!

Quando chego em casa, Pretinho vem me encontrar na garagem e me acompanhar até dentro de casa, se enroscando nas minhas pernas e me olhando com seus brilhantes olhos verdes.

Às vezes, tenta uma brincadeira. Quando estou cuidando do jardim, ele se aproxima, senta ou deita próximo a mim e fica me olhando lidar com as plantas. Se estou lendo um livro ou no computador, não titubeia em pular no meu colo, onde se aninha.

Nas férias de meu filho, em junho e julho do ano passado, ele precisou reconquistar Pretinho para voltar a dormir em seu quarto. Depois que meu filho viajou, Pretinho entrou em seu quarto e dormiu em sua cama mais de uma vez. É ou não é um companheiro?

Nunca foi dada a chamegos, assim como o dono

Dionyzio Klavdianos e Alice

Chegada: Quando soube de sua chegada, não gostei nada. Fiquei chateado, reclamei, mas não adiantou. A gatinha já estava instalada e a questão agora era encontrarmos uma forma de convivência.

Franzina: Certamente Alice sofrera maus tratos quando filhote, encontrada que foi depois de um mês, dizem, vivendo num bueiro, machucada e faminta. Tratada, foi encaminhada a uma feira de adoções e lá descoberta pelas meninas.

Caçadora: A evolução foi rápida, boa ração, ampla área verde ao redor da casa, rolinhas e margaridas à disposição e, em pouco tempo, seu porte era esbelto e atlético.

A rotina: Nunca foi dada a chamegos, dar ou receber. Acordar cedo, comer ração, sair pro mato, voltar à tardinha, beber água, comer ração, procurar seu canto e dormir .

Nós dois: Em linhas gerais, o parágrafo acima poderia servir pra mim também, e só isto explica a afeição que Alice adquiriu por mim. Afeição é pouco, basta apontar o carro na garagem e Alice aparece de onde quer que seja para se aproximar, roçar o pelo nas minhas pernas e ficar por perto.

Se vou ao banheiro, sobe na pia e pede para tomar água. Se estou no chuveiro, aguarda do lado de fora do box. Se assisto à TV, deita do lado. Se vou dormir, vai também. Se ligamos o ar-condicionado, de madrugada é encostada a mim que busca aquecer-se. Desconfia dos dias que viajo e passa horas dormindo em depressão, nas noites que me ausento ou nem em casa dorme ou quando está lá passa horas na bancada da janela como que me aguardando.

Legado: Sem incomodar ou ser incomodada, Alice conquistou seu espaço na família, que não é pequena. Tanto é que agora são três as gatas de casa, todas originárias da rua, fora as que já cuidamos e doamos, e “amigos” que passam rondando a casa à espera de comida. Alice não tolera nenhum deles e, quando está de saco cheio, busca sossego na casa de meus pais, vizinha à nossa, onde também não gozou de vida fácil no início e hoje é tratada como rainha.

Ele me olha como se dissesse: ‘Seja forte e orgulhosa de si, como eu sou’

Yasmin Silveira Souza e Bob 

No meu aniversário de treze anos, antes de eu descer as escadas para a casa da minha avó para me arrumar e ir à escola, escutei bem baixinho um miado choroso de gatinho bebê vindo do terreno vizinho.

Foi aí que ganhei o melhor presente que poderia ter ganhado. Era um gatinho pequeno e faminto que tive a sorte de encontrá-lo. Assim que olhei nos seus olhinhos suplicantes, tive certeza de que tinha me apaixonado por ele.

Dei o nome de Bob em homenagem ao gato do livro do James Bowen [artista de rua britânico e autor do best-seller “Um Gato de Rua Chamado Bob”], que eu estava lendo na época e, assim como o gato de Bowen, Bob é meu pedacinho de felicidade e esperança.

Bob é totalmente o oposto de mim, é um gato forte, valente e muito orgulhoso dele mesmo. Bob e eu somos melhores amigos justamente por esse motivo. Sempre que me sinto incompleta ou incapaz, Bob sempre deita-se no meu colo e me olha como se dissesse: “Não fique assim! Seja forte e orgulhosa de si, como eu sou!”. Se alguma coisa der errado, Bob com certeza estará ao pé da cama para me escutar.

Peguei aquela gatinha minúscula e fomos as duas para casa, com os corações disparados

Claudia kacharouski e Filomena

Em um domingo chuvoso e frio, perdi o sono e às seis da manhã fui buscar um pão quentinho. Na volta da padaria, ouvi um miado bem distante num terreno baldio, fui até lá e vi uma caixa de papelão grande, fechada, abri e estava ali a nossa Filomena. Mesmo com um [cachorro da raça] cane corso em casa, que não ia gostar nada daquela novidade, ainda que com o coração sentido pela recente perda de nossa amorosa cadela, num instinto de proteção e apego, peguei a caixa com aquela gatinha minúscula, assustada, com frio e abandonada e fomos as duas para casa, com os corações disparados.

Filomena de Cartola mora em Rio Branco, no Acre, com os tutores Claudia e Fedinando, e seus dois amigos peludos. Ela nos traz alegrias há um ano e meio, com muita traquinagem, disposição e gatices.

Tem uma amiga inseparável e de amor imediato, a Cevada, que chegou logo depois dela, e um amigo de porta, o Dom Bandido, que pelos vidros das portas a cumprimenta.

O amor incondicional que ganho deles me motiva a ser uma pessoa melhor

Andréa Bannach e os gatos Leo e Teo

Segundo a mitologia oriental, gatos conseguem afastar maus espíritos e energias negativas. Aqui em casa parece que tem dado bem certo: desde que Leo e Teo vieram morar comigo, eu sou muito mais feliz! Além de ter “escolta” 24 horas por dia dentro de casa, eu me sinto amada toda vez que o meu colo é escolhido como cama ou quando um deles vem se esfregar nas minhas pernas sem motivo.

O amor incondicional que ganho deles já me fez repensar comportamentos, já me alegrou em dias tristes e constantemente me motiva a ser uma pessoa melhor. Fiz amizades por ter gatos, afinal tem muito mais catlover por aí do que a gente imagina.

Hoje em dia eu sou mais calma, mais saudável e durmo muito bem à noite, graças as duas bolinhas de pelo ronronantes que dividem a cama comigo. Que sorte a minha ser a humana deles!

Recentemente, descobri que o meu aniversário, em 17 de fevereiro, é o Dia Mundial do Gato. Que coincidência maravilhosa, não é mesmo?

Me sinto curado da depressão, pois companheirismo e amor se encontram em casa

Robson Tavares do Nascimento e Noah

Vivi 16 anos com meu filhote chamado Bebê. Após sua morte, fiquei com depressão. Por sua ausência, ficou um barulho enorme em casa.

Em seguida, minha mãe encontrou a Noah. Nós a resgatamos e ela veio pesando 500 gramas e cheia de pulguinhas. Quando a vi, não resisti. Via nela o meu Bebê.

Hoje, Noah ganhou um irmãozinho, o Simba, e ambos ganharam uma página no Instagram (@noah_e_simba) com mais de mil seguidores em um mês.

Eu me sinto curado da depressão, pois companheirismo e amor se encontram em casa.

Ela abriu meus olhos e extinguiu meus preconceitos

Cinthia Bessa e Arya

Era domingo, comecinho de novembro de 2018, fazia frio, garoava um pouco e um miado persistia.

Assim que abri a porta da sala, uma frajolinha foi se aventurar pela casa, arranhar o sofá e se enfiar embaixo dos móveis enquanto eu a seguia emitindo inúteis “nãos”.

Particularmente, nunca fui fã de gatos, mas ela acabou passando a noite até eu descobrir o que fazer com essa pequena, que não se contentou com nada menos que a cama.

Os dias passaram, a primeira consulta no veterinário, a primeira caixa de papelão, a primeira soneca no meu pescoço, a primeira foto como “papagato” no ombro, ela me conquistou, não teve muito como escapar. Cada dia era uma nova descoberta, uma nova aventura, agora a casa era dela e ela ia fazer o que quisesse mesmo.

Depois de um tempo, descobri que [antes de adotá-la] ela estava no pátio do prédio fazia quase três dias, buscou abrigo no carro de um vizinho que só percebeu sua presença ao chegar em casa e a deixou pelo quintal mesmo. Serviu de brinquedo para as crianças que a alimentavam com ração de cachorro e a largavam à noite.

A Arya chegou com cerca de 4 meses e já faz mais de um ano que está comigo, é minha modelo, pede colo quando tenho comida, adora brincar de pega-pega, atura meus ataques de Felícia, parece minha sombra e é bem teimosa, mas eu só tenho a agradecer, achei que estava a resgatando, mas no fim era a mim mesma, ela abriu meus olhos e extinguiu meus preconceitos, me mostrou um mundo triste de abandono que eu desviava o olhar, me ensinou um amor que eu não conhecia. Hoje ela é a irmã mais velha de outros três gatinhos, minhas paixões!

Sua cegueira não a impede de ser a gata mais brincalhona da casa

Alice dos Santos Silva e Selina

Há momentos em nossas vidas que são inesquecíveis, assim posso descrever o dia que adotei a Selina.

Em um dia frio de inverno, precisamente em 5 de julho de 2019, a atendente da clínica veterinária trouxe, enrolada em cobertas velhas, um pontinho preto felpudo. Com palavras tristes, a veterinária comentou que aquela pequena gatinha de uns quatro meses era cega e que a vida não estava jogando a seu favor, já que era portadora da rinotraqueite felina. No outro dia, após vários sonhos com a gatinha voltei à clínica decidida a trazer ela para o que seria sua nova casa.

A melhor coisa que fiz em minha vida foi trazer a Selina para casa. Uma gata cega, jogada na rua. Todas as noites a pequena dorme fazendo carinho em meu rosto. Sua cegueira, que deveria ser uma barreira, não a impede de ser a gata mais brincalhona da casa, que não nos deixa em lugar nenhum, sempre próxima e pedindo carinho, agradecendo a chance de viver.

Todos os dias sinto seu amor e nenhuma debilidade, apenas amor e carinho.

Eu não gostava de gatos, até que dei mamadeira para essa gatinha que cabia na palma da mão

Álvaro Duarte e Maya

Eu não gostava de gatos. Cresci aprendendo a espantá-los por causa dos passarinhos do meu falecido pai, que ficavam no terraço do apartamento onde minha mãe ainda mora. O apartamento fica no primeiro andar de um prédio no centro de Belo Horizonte, e é rodeado de telhados de galpões de lojas. Portanto, lotado de gatos.

Até hoje, minha mãe e seu fiel escudeiro Flock, um lindo cãozinho maltês, vivem tentando espantar os bichanos, que adoram descer para a área do apartamento para dormir entre as plantas –hoje já não há mais as gaiolas.

Pois bem, com tudo isso, nunca me interessei pelos gatos. Sempre adorei cachorros. Até que uma gatinha malhada em preto e branco, me fez mudar completamente.

Certo dia, meu telefone tocou no trabalho. Era minha esposa, Soraia, dizendo que uma amiga do Samuel, meu enteado, havia resgatado uma gatinha recém-nascida na rua, mas seu pai não queria o bichano em casa. Ela chegou a levar o bichinho para o colégio, dentro da mochila.

Foi aí que Samuel pensou em acolhê-lha em nossa casa. Mas como Soraia sabia que eu não gostava de gatos, me perguntou se podíamos cuidar dela até levar para adoção. Aceitei, com essa condição.

Eliana, minha cunhada, irmã de Soraia, é veterinária e foi dar uma assistência. Levou leite em pó e uma mamadeira, examinou a gatinha, que cabia na palma da mão, para ver se havia algum problema com ela. Da ninhada, só ela sobreviveu.

Os dias foram passando e Soraia e Samuel cuidando da gatinha, dando mamadeira e muito carinho. Certo dia, Soraia teve que ir mais cedo para o trabalho e saiu apressada de casa. Samuel já estava no colégio. E a gata começou a miar desesperadamente. Eu, que mantive distância até então, me vi obrigado a me aproximar. Imaginei que fosse fome. Já tinha o leite preparado e então pus na mamadeira e dei para a gata, que realmente estava faminta.

Quando isso ocorreu, já tinha cerca de uma semana que ela estava em nossa casa.

O tempo foi passando, eu fui fazendo isso mais vezes até que me vi completamente envolvido. Dei o nome de Maya para a gata e ela está conosco até hoje, três anos depois de ter sido resgata pela Ana, amiga do Samuel, que tinham 15 na época. Hoje são namorados.

Maya trouxe mais vida para a casa. Ela recebe a todos na porta e se enrosca na nossa perna até a pegarmos no colo. Pela manhã, quando o relógio desperta e ela vê que não levantamos, imediatamente dá um jeito de nos acordar. Apesar de ter seus momentos de retiro, passa a maior parte do tempo onde tem alguém da casa. Enfim, virou mais um membro da família.

Até minha mãe, que vive às turras com os gatos “invasores e folgados” em sua casa, gosta da Maya. Só falta agora ela conquistar Ana Luiza, minha filha, que sofre do mesmo mal que eu sofria. Mas acho que é questão de tempo.

Ela é meu despertador e meu grude

Débora Lima e Shakira

A Shakira e eu nos demos bem quase que de imediato. Lembro de ter visto ela em uma página no Instagram de uma ONG de animais abandonados, aqui de São José dos Campos (SP).

Quando vi seu olhar sedutor mandei mensagem na hora perguntando se ela já havia sido adotada. Como todo começo, nos estranhamos.

Ela chorava demais por sentir falta dos seus amigos e eu por não conseguir ajudar. Mas, hoje, essa história é diferente. A Shakira é o meu despertador, meu ursinho de pelúcia, minha parceira de ioga, meu jarro de enfeite, meu “catchorro”, meu grude.

Não importa o que eu esteja fazendo em casa, ela está comigo. Até nos momentos de gripe. Não poderia ter amiga melhor.

Ela é cega e craque nos sentimentos de amizade, confiança e companheirismo

Antonio Cavalcanti e Preta Pelé

Viva a Preta Pelé! Viva, porque possivelmente estaria morta…

Preta por causa da cor da pelagem e Pelé porque é craque. Craque de tudo. Mas sobretudo dos sentidos e sentimentos.

A falta do sentido da visão, aguçou os outros sentidos e os sentimentos de amizade, confiança e companheirismo.

Há 2 anos que esquecemos que ela é cega. Ninguém avisou a ela, e a gente deixou assim. É um ser absoluto, que ensina e completa dois humanos incompletos e apaixonados, Antonio e Carolina Martins.

Após ser abandonada pelos ex-donos, ela escolheu a família certa

Gabriel Morais e Maya

Quem cria gatos certamente sabe: o animal escolhe seu dono. Às vezes, nem sempre é possível acertar na primeira vez. Foi o que aconteceu com nossa gatinha Maya.

Os primeiros donos que ela escolheu acreditavam que insistir em cuidar dos animais não valia muito a pena e a deixaram na rua.

Abandonada, sozinha, procurava abrigo nas portas das casas, em busca de almas que olhassem para ela com carinho. Demorou, mas ela encontrou a porta certa, a nossa casa, já que na rua muitos não gostam de animais e até criticam quem cuida deles.

Maya é fiel às escolhas que faz. Corria a rua quase toda quando avistava nosso carro até a nossa casa, não apenas em busca de ração ou um
pouco de água, mas também à procura de algo muito importante: o afago que lhe foi negado por seus donos anteriores. Não podíamos deixá-la na rua. Adotamos a gatinha há cerca de cinco anos.

Os dias nunca são iguais, mas uma coisa se repete: ela sempre está no seu lugar favorito, sempre à nossa espera.

Incrível como um ser tão pequeno pode nos proporcionar os melhores sentimentos

Giulia Faraj e Marshall

Durante toda a minha infância, criei tudo quanto é tipo de gato: amarelos, pardos, brancos, listrados, pretos, acinzentados e rajados. Era o meu animal favorito, meu símbolo fiel. Apesar de tudo, ainda me faltava algo, provavelmente eu ainda não tinha o discernimento suficiente para compreender a essência dessas criaturinhas peludas e fenomenais.

Em 2017, quando eu já não tinha pets há pelo menos uns sete anos, minha mãe encontrou um filhote na porta de sua casa, perto de uma loja. Decidimos cuidar dele até que encontrássemos um dono para adotá-lo. Assustado, com os olhos arregalados, os pelos bem arrepiados, o pequeno e frágil gatinho vivia se escondendo debaixo do fogão, arriscando-se muitas vezes a deixar a cabecinha de fora, para observar o que estávamos fazendo e se apresentávamos algum perigo.

Num certo dia, desses dias em que tudo parece dar errado, que aquela tristeza, baixa autoestima e sensação de impotência tomam conta do seu ser, decidi trazer o gatinho pra dormir no meu quarto, pra me fazer companhia, talvez assim a sensação de solidão poderia ser aliviada.

Estou há três anos dormindo com ele no meu quarto, todos os dias, religiosamente. Incrível como um ser tão pequeno, que não consegue se comunicar com palavras, pode nos proporcionar os melhores sentimentos. Pergunto-me se eles podem ao menos ter um pouco de noção do tamanho de nosso amor por eles, uma vez que, em tese, diferentemente de nós, são seres irracionais.

Um pouco depois do início da nossa relação de apego, Marshall começou a se sentir mal. Por ser um gatinho abandonado, ele estava com muitas pulgas, doente, com sintomas de infecção respiratória e febre. Passei a madrugada no veterinário, rezando com todas as minhas forças.

Eu, que naquela época não era muito de ter esperanças, comecei a me ver totalmente vulnerável a qualquer crença e possibilidade de um milagre ou algo próximo disso.

Para piorar a situação, o veterinário que aplicou a injeção no meu gatinho acertou um lugar errado, fazendo muito sangue esguichar de seu pescoço. Aquilo parecia o fim, mas não foi. Meu bichano foi medicado, tomou seus antibióticos, recuperou-se e hoje não desgruda de mim.

Infelizmente, é bem frequente que algumas pessoas pensem que felinos são animais traiçoeiros e desapegados, mas só quem é um “gateiro” de verdade pode assegurar que não é bem assim. Gatos, diferentemente de cachorros, são mais independentes, mas possuem todo o amor do mundo para ofertar. Do ronronar ao “amassar pãozinho” com as patinhas, eles demonstram que se sentem seguros, queridos e protegidos.

Me olha tão fixo, que disfarço meu riso

Tirzah Ribeiro e Roma
*O poema abaixo enviado por Marcelo Baptista e escrito pela mãe dele, Tirzah Ribeiro, de 88 anos

Meu gato não ri

As piadas mais gatunas
lhe conto:
procurando fagulhas

me olha tão fixo
que disfarço meu riso
ante tanto cinismo

não sabe meu gato
que bem faz o riso!

me morde
me pula
no meu colo
se enrola
mia e me fala
seu recado
me dá

que vontade terá
olhando meu rosto
de afrouxar o olhar
piscando-me o olho
que bom que seria
sonhar que ele ri…
tentar abrandar
sua cara impassível
sonhar que a relaxa
ou rindo ou chorando
em breve miada
de riso ou de pranto

que bom que seria
poder vê-lo algum dia
sentado do meu lado
achando engraçadas
as minhas piadas

que bom seria!

Ela me ajudou a superar a perda de outro gatinho

Renata Souza e Jasmine 

Minha gata Jasmine tem quatro meses e chegou em minha casa no final de 2019. Ela é muito esperta, inteligente, adora brincar e trazer insetos como “presente” para mim. Fica com todos da casa e até dorme comigo.

Jasmine me ajudou a superar a perda de outro gatinho, por isso, ela é minha melhor amiga. Estava muito triste e ela me trouxe muita alegria, amizade, companhia e carinho.

Agradeço pela existência dela e, por isso, acho que é mito quando dizem que os gatos não amam os donos.

Nunca tive animais de estimação, até o dia em que o meu casamento acabou

Flavia Carvalho e os gatos Ollie e Fiufinho

Nunca tive animais de estimação. Até o dia em que o meu casamento acabou, e o coração, em pedaços, pedia algum artifício para que o coração da minha filha também não fosse partido ao meio.

Foi assim que nossos gatinhos entraram na nossa vida. Nós adotamos os dois irmãos um mês depois que me mudei de casa. Chegaram na véspera do aniversário de 8 anos da Clarice. Eram como três irmão agora. E eu, de repente, tinha dois novos filhos.

No dia da castração, agora em janeiro, Clarice estava agoniada, acompanhando de longe, de férias com o pai.

Eu disse pra ela: “vai ficar tudo bem, filha”. E ela respondeu, com toda sua sabedoria de gente pequena que pensa grande: “E se não der?”

Não tive resposta. Só me restou passar o dia agoniada, rezando para que todos, eles e nós, ficássemos bem. E ficou tudo bem! Seguem lindos e felizes. Agora estamos certas, eu e Clarice, de que não é mais possível imaginar uma vida sem Ollie e Fiufinho.

Ela olhava pra mim como se soubesse que eu tinha ido buscá-la

Eliane Carvalho e Lana

Lana é minha companheirinha dengosa, calminha e brincalhona. Ela chegou na nossa vida no dia 10 de agosto de 2019, estava em uma ONG e tinha apenas 923 gramas.

Foi amor à primeira vista. Assim que nos olhamos, tive certeza que era ela. E ela olhava pra mim como se soubesse que eu tinha ido buscá-la.

Durante todo o trajeto, ela estava tranquila, como se soubesse que estava indo pra casa.

Hoje ela é a nossa alegria, nossa companheira que adora colo, que de madrugada nos acompanha até a cozinha, que vem nos receber na porta quando chegamos e, de manhã, enrola-se nas nossas pernas pra dizer que nos ama.

Não há demonstração mais linda de gratidão e afeto como o amor puro de um gatinho que foi adotado. Pra quem acha que gatos são frios e indiferentes, adote um gatinho e conheça o verdadeiro amor.