O gato parou de comer? Veterinário explica a anorexia felina
Sabe quando o gato fica amuadinho, sem comer nada? Essa falta de apetite, também chamada de anorexia felina, é um sintoma clínico muito comum e, geralmente, o primeiro a ser percebido pelo tutor quando há algo de errado com seu bichano.
“A anorexia em felinos é um sintoma inespecífico. Pode ter causas comportamentais, relacionadas ao estresse, mas também pode ser sinal de doenças renais, gastrointestinais, pancreatite, câncer, entre outras patologias”, explica Alexandre Gonçalves Teixeira Daniel, veterinário da clínica Gattos, no Campo Belo, na zona sul de São Paulo.
Quando o gato para de comer, o período de tempo que passar até que ele receba atendimento médico é um fator fundamental que pode salvar a vida do felino.
“Se o gato estiver sem se alimentar há 24 horas, já deve ser levado ao veterinário”, ressalta Alexandre.
“Os gatos são muito sensíveis a jejuns prologados. Se o animal ficar 72 horas sem comer, ele já está predisposto a desenvolver uma série de alterações metabólicas que podem desencadear na famosa e temida lipidose hepática, que é a típica doença do gato que não está comendo”, conta.
A lipidose hepática felina é uma doença grave e se caracteriza pelo acúmulo de gordura no fígado, causado principalmente por falta de alimentação. Comprometido, o órgão para de funcionar corretamente e pode causar a morte do animal.
“Quando o gato chega ao consultório em lipidose hepática, temos dois problemas para resolver: a doença primária que causou a falta de apetite e, agora, a lipidose decorrente da falta de alimentação”, diz Alexandre.
Por isso é importante levar o bichano o quanto antes ao veterinário. Lá, o profissional fará uma série de perguntas ao tutor para saber se houve alguma mudança na rotina do felino, além de exames clínicos para detectar se há dor, febre ou desidratação, por exemplo. Também podem ser realizados exames complementares de sangue e de imagem.
“Enquanto a gente não consegue descobrir por que o gato não está comendo, é importante entrar com um estimulante de apetite para que o quadro não piore e acabe gerando uma lipidose hepática, por exemplo”, conta Alexandre.
Geralmente, os veterinários utilizam a mirtazapina, que originalmente é receitada como antidepressivo em humanos e tem como um dos efeitos colaterais o aumento do apetite.
“Tenho usado no consultório o Mirtz, que é a mirtazapina desenvolvida pela fabricante Agener União especificamente para gatos”, diz.
No entanto, o veterinário revela que se o felino estiver há muito tempo em jejum, é preciso entrar com uma sonda para alimentação.
“Eu costumo dizer que é a regra dos três a cinco dias. Se o gato estiver sem comer há até três dias, a gente consegue segurar na medicação e esperar a reação dele. Se passar de cinco dias, a gente precisa colocar a sonda, senão ele pode piorar de maneira irreversível.”
Então, se o seu gatinho não estiver se alimentando, fique atento. Uma dica é oferecer um petisco que ele goste muito, como um sachê. Afinal, ele pode estar apenas estressado com alguma mudança na rotina, como barulho de obra no vizinho, uma pessoa ou animal novo que chegou em casa ou mesmo se você mudou o potinho de ração dele de lugar.
Mas se o bichano estiver há um dia todo sem comer, é importante levá-lo ao veterinário para uma consulta.